- Fisiotorres
O meu filho tem 10 anos, será que pode fazer Pilates?
Crianças podem praticar Pilates?
Atualmente o desenvolvimento da criança/jovem está comprometido por vários
fatores de riscos, como maus hábitos alimentares, más posturas ao longo do dia
(cadeira da escola e durante as refeições), excesso de peso nas mochilas, assim como o
sedentarismo. Neste último destaca-se o facto de os jovens passarem mais tempo em
frente à televisão ou focados em jogos de realidade virtual, estando menos tempo na
rua a realizarem atividades ao ar livre.
O avanço da tecnologia e a sua precoce integração na vida de uma criança, veio
substituir brincadeiras/atividades ao ar livre, como por exemplo, correr, jogar à
apanhada, às escondidas, subir às árvores, entre outras. Mas que têm de especial estas
atividades tão simples? Requerem esforço, movimento, exercício, e tudo isto leva a um
bom desenvolvimento, não só físico, mas também psicológico e social da criança.
Simplificando, podemos afirmar que o movimento dá saúde, o brincar na rua estimula
o sistema imunitário tornando-o mais resistente, jogar à apanhada exige não só
músculos fortes, como uma boa capacidade cardiorrespiratória. Brincar no baloiço
estimula o equilíbrio e o sistema vestibular (ouvido interno), assim como andar no
escorrega. E nestas diversas atividades, a criança aprende ainda a socializar. É através
da brincadeira que a criança cria empatia, gere conflitos e emoções, e ultrapassa
frustrações. A ausência deste estímulo acarreta alterações do foro da saúde mental, o
que explica o aumento de diagnósticos de stress, falta de concentração,
hiperatividade, entre outros, nesta população.
O corpo da criança está em fase de crescimento e todas as atividades que não são
propícias para as crianças podem acarretar graves problemas, que agravam a cada pico
de desenvolvimento. Todas estas alterações podem ser evitadas, com a educação para
hábitos adequados, nomeadamente uma correta alimentação e a prática de exercício
físico. O método de Pilates é uma poderosa ferramenta desde tenra idade, pois
engloba exercícios globais, sem sobrecarga articular e impacto, através de movimentos
fluidos que permitem alongar e tonificar os músculos, num correto alinhamento
corporal e sempre controlados pela respiração.
Como benefícios, este treino previne desvios na coluna (escolioses) porque permite
um desenvolvimento proporcional do corpo (alongamento/fortalecimento),
precavendo assim problemas de compensações que levam às alterações posturais;
Aumenta a flexibilidade muscular, o que significa que a criança terá maior mobilidade
e mais agilidade, sendo muito importante num corpo que está em fase de crescimento.
Este benefício leva-nos a uma vida com menor número de lesões, pois um corpo com
músculos fortes e com boa capacidade de se alongarem, está propenso a menos
lesões. E ainda assim, quando estas ocorrem, a taxa de sucesso na recuperação é
elevada.
Melhora o alinhamento corporal/postura, estimulando a consciência do seu corpo, o
que lhes permite reconhecer e corrigir movimentos corporais que possam estar a ser
prejudiciais para a sua saúde.
Melhora a concentração e a atenção da criança, pois todos os exercícios têm que ser
realizados com precisão e concentração. Esse nível de atenção mantém-se mesmo
após as aulas, e vai melhorando com a continuação, contribuindo para um melhor
desempenho cognitivo.
Melhora a coordenação motora através da realização de exercícios de forma bilateral
ou unilateral, podendo ser associado movimentos com membros superiores e/ou
inferiores, e ainda recorrer ao uso de alguns acessórios, como por exemplo, a bola.
Através da respiração auxilia na melhoria da circulação sanguínea, permitindo um
melhor aporte de oxigénio a todas as células do corpo. Induz uma diminuição do
stresse, melhor humor e um sono mais tranquilo. Todos estes fatores, aliados à
concentração, permitem que a criança ao relaxar a sua mente, melhore o seu estado
de saúde mental e o seu desenvolvimento cognitivo.
Por ser um exercício físico auxilia na prevenção da obesidade, que atinge valores
bastante elevados no nosso país (29,6% da população jovem tem obesidade).
Promove o convívio social, o que permite desenvolver a autoconfiança, auto-estima e
uma boa interação com outras crianças e adultos, assim como a sua integração noutras
atividades, como por exemplo teatro, dança, entre outras.
Mas qual a melhor idade para iniciar este método de treino? Considera-se que a partir
dos 8 anos de idade a criança já consegue estar focada e bem concentrada durante os
exercícios, antes deste marco o treino poderá ser mais complicado pois a capacidade
de concentração é menor, assim como o desenvolvimento cognitivo necessário para
compreender os exercícios. Crianças mais pequenas não conseguem estar tanto tempo
concentradas, sendo mais difícil a realização dos exercícios, e assim não se alcançam os
benefícios esperados.